domingo, 27 de novembro de 2011

Travessia para Ilha de Superagui - 20/11/2011


Cheguei à ponta da Ilha das Peças e para atravessar para a Ilha de Superagui, precisava chamar a atenção de algum barco de pesca.
Logo na beira do canal vi um pescador com um menino de uns dez anos em uma canoa. Pedi que ele me ajudasse chamando um barco. E ele mesmo se ofereceu a fazer a travessia.
Fiquei com receio. O canal era muito extenso para atravessar de canoa e eu achava que a bicicleta nem caberia dentro dela! Mas ele me tranqüilizou, disse que seria só até a metade do canal. Dali até a próxima ilha a gente iria com o barco dele que estava ancorado na metade do caminho. A canoa chegou até a inclinar quando coloquei a bike dentro dela!
O Mauro, o pescador, pediu que eu sentasse na proa, ou seja, fiquei na ponta da canoa de costas para o mar. Fui ficando nervoso à medida que entravamos canal adentro.
Eu não estava com medo... Estava mesmo APAVORADO!!!
Acho que um pouco pelo fato de não saber nadar e outra, porque ver aquele menino tirando a água das ondas de dentro da canoa com um baldinho não era nada animador.
Confesso que tentei registrar o momento da travessia, mas não sei por que razão, minhas mãos estavam grudadas naquele casco e não me deixaram pegar a máquina.
Fui obrigado a perguntar para o Mauro: --- Não tem perigo da canoa virar?
E ele disse: --- Não, é muito difícil!
Porque eu fui perguntar? Muito difícil quer dizer que já aconteceu!
Meu maior medo era da bike cair no mar com todas as minhas coisas. Porque que eu até daria um jeito de me segurar na canoa... Eu acho! 
Pareceu uma eternidade, mas chegamos até o meio do canal. Outro sufoco foi ficar em pé na canoa e erguer a bicicleta para cima do barco que estava ali do lado. Graças a Deus deu tudo certo! Dentro do Toc-toc, como chamam esses barcos com motor dois tempos, já fiquei bem mais tranqüilo. Aí deu até pra conversar e contar ao Mauro e seu filho toda a história.
Esse momento da travessia foi à única coisa que consegui registrar da linda ilha de Superagui. 

Pois na hora de desembarcar, meu celular caiu no mar e eu nem notei. O garoto foi quem percebeu e tirou ele da água.
Eu saí correndo desesperado... Tinha muitas fotos e vídeos no aparelho, além de ser o meio de me comunicar com a Jailene e com minha família e também de me localizar. Achei uma pousadinha em construção na pequena vila e pedi para usar o banheiro. Abri o aparelho, tirei o cartão, o chip e a bateria e deixei um tempão em baixo da água para tirar o sal. Depois, agradeci ao dono da pousada e saí numa espécie de caça ao tesouro... Nunca pensei que fosse tão difícil encontrar algo que para mim era tão comum. Andei por toda a vila de aproximadamente 600 habitantes e só no final da tarde é que encontrei um jovem casal que tinha um SECADOR DE CABELOS.
Sim, precisei usar um para secar o celular. Mas quem disse que ele voltou a funcionar. : ((
Cheguei a tomar um café com o casal que foi super gente boa, mas infelizmente não lembro mais o nome deles. Fiquei desorientado com o que tinha acontecido!
Até tentei continuar o pedal naquele dia, mas me disseram que a maré estava subindo e que eu não conseguiria chegar até a ponta da ilha. Ficaria ilhado numa praia deserta! Então comecei a procurar algum lugar para dormir ali. Foi uma experiência incrível!
A pequena casinha de madeira no meio da vila de pescadores, onde passei a noite, abriga a família de dona Bega e seu João Michaud. Quem me recebeu foi o Gláucio. O mais velho dos quatro filhos do casal. A casa da família Michaud foi o cartão de visitas da generosidade e hospitalidade deste povo caiçara. O pouco que tinham, fizeram questão de dividir comigo. À noite jantamos um delicioso peixe, defumado por eles ali mesmos no ranchinho do quintal, que também é a cozinha da casa. E depois de assistir ao filme de minhas memórias dos últimos dias no telão de “4D” projetado no céu estrelado daquela linda noite, fui me deitar pensando em minha amada.

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