Cheguei à
ponta da Ilha das Peças e para atravessar para a Ilha de Superagui, precisava
chamar a atenção de algum barco de pesca.
Logo na beira
do canal vi um pescador com um menino de uns dez anos em uma canoa. Pedi que
ele me ajudasse chamando um barco. E ele mesmo se ofereceu a fazer a travessia.
Fiquei com
receio. O canal era muito extenso para atravessar de canoa e eu achava que a
bicicleta nem caberia dentro dela! Mas ele me tranqüilizou, disse que seria só
até a metade do canal. Dali até a próxima ilha a gente iria com o barco dele
que estava ancorado na metade do caminho. A canoa chegou até a inclinar quando
coloquei a bike dentro dela!
O Mauro, o
pescador, pediu que eu sentasse na proa, ou seja, fiquei na ponta da canoa de
costas para o mar. Fui ficando nervoso à medida que entravamos canal adentro.
Eu não estava
com medo... Estava mesmo APAVORADO!!!
Acho que um
pouco pelo fato de não saber nadar e outra, porque ver aquele menino tirando a
água das ondas de dentro da canoa com um baldinho não era nada animador.
Confesso que
tentei registrar o momento da travessia, mas não sei por que razão, minhas mãos
estavam grudadas naquele casco e não me deixaram pegar a máquina.
Fui obrigado
a perguntar para o Mauro: --- Não tem perigo da canoa virar?
E ele disse: --- Não, é muito difícil!
Porque eu fui
perguntar? Muito difícil quer dizer que já aconteceu!
Meu maior
medo era da bike cair no mar com todas as minhas coisas. Porque que eu até daria
um jeito de me segurar na canoa... Eu acho!
Pareceu uma
eternidade, mas chegamos até o meio do canal. Outro sufoco foi ficar em pé na
canoa e erguer a bicicleta para cima do barco que estava ali do lado. Graças a
Deus deu tudo certo! Dentro do Toc-toc, como chamam esses barcos com motor dois
tempos, já fiquei bem mais tranqüilo. Aí deu até pra conversar e contar ao
Mauro e seu filho toda a história.
Esse momento
da travessia foi à única coisa que consegui registrar da linda ilha de Superagui.
Pois na hora de desembarcar, meu celular caiu no mar e eu nem notei. O garoto foi quem percebeu e tirou ele da água.
Pois na hora de desembarcar, meu celular caiu no mar e eu nem notei. O garoto foi quem percebeu e tirou ele da água.
Eu saí
correndo desesperado... Tinha muitas fotos e vídeos no aparelho, além de ser o
meio de me comunicar com a Jailene e com minha família e também de me localizar. Achei
uma pousadinha em construção na pequena vila e pedi para usar o banheiro. Abri
o aparelho, tirei o cartão, o chip e a bateria e deixei um tempão em baixo da
água para tirar o sal. Depois, agradeci ao dono da pousada e saí numa espécie
de caça ao tesouro... Nunca pensei que fosse tão difícil encontrar algo que
para mim era tão comum. Andei por toda a vila de aproximadamente 600 habitantes
e só no final da tarde é que encontrei um jovem casal que tinha um SECADOR DE
CABELOS.
Sim, precisei usar um para secar o celular.
Mas quem disse que ele voltou a funcionar. : ((
Cheguei a tomar um café com o casal que foi super
gente boa, mas infelizmente não lembro mais o nome deles. Fiquei desorientado
com o que tinha acontecido!
Até tentei continuar o pedal naquele dia,
mas me disseram que a maré estava subindo e que eu não conseguiria chegar até a
ponta da ilha. Ficaria ilhado numa praia deserta! Então comecei a procurar
algum lugar para dormir ali. Foi uma experiência incrível!
A pequena casinha de madeira no meio da vila
de pescadores, onde passei a noite, abriga a família de dona Bega e seu João
Michaud. Quem me recebeu foi o Gláucio. O mais velho dos quatro filhos do casal. A casa da família Michaud foi o
cartão de visitas da generosidade e hospitalidade deste povo caiçara. O pouco
que tinham, fizeram questão de dividir comigo. À noite jantamos um delicioso
peixe, defumado por eles ali mesmos no ranchinho do quintal, que também é a
cozinha da casa. E depois de assistir ao filme de minhas memórias dos últimos
dias no telão de “4D” projetado no céu estrelado daquela linda noite, fui me
deitar pensando em minha amada.
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